Vida pós-morte é tema controverso. Tanto especuladores quanto estudiosos sérios se debruçam sobre pesquisas a fim de chegar a uma conclusão. Porém, praticantes de esportes adaptados – os atletas paralímpicos ou ainda os esportistas de alto rendimento -, têm certeza plena, clara, de que sim, existe vida Após a morte. E mostram isso na Paralimpíada.
Texto com apoio de BBC
Antes de continuarmos o tema de hoje em si, vamos explicar o motivo pelo qual a mídia se refere aos jogos de esportes adaptados como paralimpíada e não paraolimpíada, como prediz as normas gramaticais. E o motivo não é assim tão nobre.
Em sociedades capitalistas, todo empreendimento visa lucro, busca aumento de dividendos. No mundo dos acidentes e suas vítimas não é diferente. O termo olimpíada está devidamente registro nos órgãos mundiais de proteção a marcas e patentes. Para que alguém o use com fins lucrativos, é obrigatório que pague royalties.
Ou seja: qualquer pessoa ou entidade que queira associar a palavra olimpíada a suas atividades econômicas precisa pedir autorização e pagar taxas para a empresa proprietária, no caso, o Comitê Olímpico Internacional – COI.
Assim, para evitar gastos desnecessários, os organizadores do evento paralimpíada optaram por criar um termo paralelo. Surgiu, então, paralimpíada como referência ao nome oficial Jogos Paralímpicos de Verão.
Oficialmente, diz-se que a troca de nomes de dá por necessidade de padronização em relação ao termo em inglês, paralympic. Contudo, essa construção fere as normas e a soberania do idioma Português, motivo, aliás, de desconforto diplomático entre estudiosos da língua portuguesa e os organizadores do evento.
A Medinas prefere palaolimpíada por respeitar normas gramaticais da Língua Portuguesa, mas usa aqui o outro porque os próprios atletas acham mais conveniente.
Mas, Voltando à Beleza Paralimpíada
Sofrer um acidente e ser informado de que as sequelas causarão limitação irreversível ao corpo é como receber notícia da própria morte. Em vida. Somente quem recebeu notícia semelhante sabe exatamente o que vai à mente.
De imediato, para si e para as pessoas que cercam o acidentado, a vida parece ter se encerrado. Em vida. A morte mostra a cara. Em vida.
Na maioria das vezes, entretanto, quem sofre acidente desse tipo consegue reviver. Reviver e mostrar que há vida após a morte, que é possível permanecer ativo mesmo com tudo aquilo que a sociedade chama de limitação.
E quem nasce com aparente limitação a ultrapassa. Diz-se que quem tem deficiência desde o nascimento tem chances de transformá-la em eficiência mais facilmente, pois não conheceu outra situação na vida além da limitada. Pode ser. O sequelado pós-acidente tem luta dupla: a física e psicológica. E ambas ao mesmo tempo.
Início da Vida Após a Morte
Nosso próximo texto, História e Curiosidades da Paralimpíada, vai falar sobre a história da Paralimpíada, mas destacamos aqui que a origem do evento se deu por ação técnica do neurologista alemão Ludwig Guttmann.
O médico estudava meios de tratamento de portadores de limitação física. Como responsável pelo centro nacional alemão de atendimento a vítimas de acidentes traumáticos nos anos da década de 1920, implantou sistema de reabilitação a partir de esportes.
Guttmann adaptou alguns esportes à condição física de cada paciente. Percebeu evolução fantástica não apenas no estado físico-orgânico, mas igualmente no psicológico.
As primeiras modalidades foram tiro com arco, basquete e sinuca. Com eles, o avanço médico na área foi impressionante.
Provas da Vida Após a Morte
Pode-se dizer que a primeira prova de existência de vida após a morte é a dignidade dos próprios atletas paralímpicos. Eles ultrapassaram dezenas de recordes na Rio-2016. Suas condições certamente remetem a adjetivos como heróis, super-humanos, seres especiais etc.
Contudo, tanto quanto rejeitam adjetivos desincentivadores, como deficientes, aleijados, inválidos etc., rejeitam também os adjetivos acima. Preferem esportistas de alto rendimento.
O presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, deixou-se levar pelo sentimento de satisfação e chamou os participantes de super-heróis e super-humanos. É claro que a intenção foi boa, mas o efeito não.
Somente seres de outro mundo têm a nobreza de lutar pela própria dignidade mesmo ao receber elogios, mesmo ao ser exaltados.
Outra Prova de Vida Além da Morte É…
… Daniel Dias
Um dos esportistas paralímpicos mais vitoriosos do evento mundial, Dias nasceu com má formação congênita. Seus braços e pernas não se formaram. Ou seja, para a sociedade, nasceu morto.
Contudo, Dias mostrou o que é possível fazer quando quase nada é possível fazer. Nasceu em Campinas em maio de 88 e, desde então, apenas surpreende a todos. “Daniel é um jovem especial, não por ser deficiente, mas por ser como é”, dizem seus pais. Quem o conhece, reconhece verdade nos pais.
Mais Provas de Vida Além da Morte
Cátia Oliveira
O nome da jovem de 25 anos era certo para representar a Seleção Brasileira de Futebol. Seis horas antes do anúncio do time, Cátia sofreu acidente que tirou dela os movimentos das pernas.
Para a sociedade, ficou morta por seis meses. Mas Cátia retornou à vida quando descobriu o tênis de mesa. Desde então, não parou de viver seu estado de mesa-tenista.
Matheus Formiga
Parou de andar aos 10 anos de idade por conta de distrofia muscular progressiva, o que também interferiu em sua capacidade de fala. Por incentivo de um professor, passou a praticar atividades diferentes, o xadrez.
Depois, encantou-se com a bocha adaptada e o atleta brasiliense não parou de evoluir em sua vida.
Rosinha
Ela é, na verdade, Roseane Ferreira dos Santos. Sua perna esquerda precisou ser amputada por causa de irresponsabilidade de um motorista alcoolizado, que a pegou em cheio na calçada onde caminhava.
A vida de Rosinha voltou em 77, quando começou a assistir a treinos esportivos. Hoje vê sua estante sem lugar para medalhas e troféus em participação em paralimpíadas, parapans e campeonatos mundiais de lançamento de disco.
Mônica Santos
Ela tem motivos duplos para achar que há vida após a morte. Morreu por opção ao descobrir que a gestação pela qual deu vida à sua filha, Paola, hoje com 13 anos, era de risco porque causava malefícios a sua medula. Não aceitou sugestão de médicos para interromper a gravidez.
Paraplégica, precisou reaprender a viver não por si apenas, mas também em função da filha. Mesmo sem poder de movimentação dos membros inferiores, a gaúcha Mônica não desistiu e enfrentou a esgrima como meio de vida.
Hoje, é uma das principais atletas paralímpicos do Brasil.
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Ninguém ainda foi capaz de provar existência de vida após morte. Os atletas de alto rendimento paralímpicos não se importam nem um pouco com isso… se provaram ou provarão. De qualquer maneira, eles sabem que existe, eles sabem que é possível viver mesmo depois de morrer em vida.
É por tais fatos que a Medinas tem honra de fazer parte do ramo de empresas da área esportiva. Há situações que envolvem esse universo que exaltam a condição humana no mais alto nível de capacidade. Somos participantes de um mundo especial.
Especial não por conta de eventuais deficiências, mas seres especiais, apresentem ou não alguma limitação física ou neurológica. O esporte, em especial a natação, iguala a todos no nível mais alto. Ali, Phelps ou Dias são iguais em estado de autossuperação.
Uma pessoa pode morrer de várias maneiras antes mesmo de seu organismo parar.
E, definitivamente, o esporte ou a prática de uma atividade física promove milagres na vida de uma pessoa.
Eu mesma sinto que revivi quando aos quase 50 anos comecei dançar.
A atividade física e o esporte promovem, sem sombra de dúvidas, uma alegria ressuscitadora.